5 de setembro de 2011

“Precisamos de uma nova revolução verde”, diz representante da FAO.

A produtividade agrícola mundial está crescendo a um ritmo muito menor do que nas décadas passadas, e os investimentos em pesquisa e desenvolvimento agrícola também estão desacelerando.

A partir dessas constatações, o representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, Hélder Muteia, chega a uma conclusão polêmica: “Precisamos de uma nova revolução verde”.

Ex-ministro da agricultura de Moçambique, Muteia defendeu nesta segunda-feira (05) o aumento dos investimentos em pesquisa agropecuária, principalmente por parte dos governos, ao participar do Fórum Internacional de Estudos Estratégicos para Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima (Feed 2011). O evento é realizado em São Paulo pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Em sua apresentação, Muteia mostrou que desde a revolução verde, nos anos 1960, o ritmo de crescimento da produtividade agrícola vem caindo. Isso não quer dizer que a produtividade tenha sido reduzida, mas que ela está aumentando mais devagar. Ao mesmo tempo, o representante da FAO mostrou que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento na área agropecuária também estão crescendo mais lentamente.

A demanda por alimentos já está em forte crescimento e, em vez de crescer, a produção até caiu neste ano. Em 2011, segundo as projeções da FAO citadas por Muteia, a produção de cereais vai cair 1,1%, enquanto o consumo desses produtos crescerá 1,9%.

A preocupação por trás desses fatos reside nas projeções de aumento da população e na demanda por alimentos. “Até 2050, teremos que aumentar a produção de alimentos em 70%, enquanto a área agrícola avançará só 20%”, calcula Muteia.

A solução, portanto, passa obrigatoriamente pelo aumento da produtividade. “Toda a revolução verde é tecnológica e o caminho agora é o mesmo dos anos 1960: sementes de qualidade, água e fertilizantes”, diz ele.

Erros do passado

Mas a nova revolução deve evitar os dois erros da anterior, alerta o especialista. O primeiro deles foi deixar de lado culturas agrícolas secundárias, como o sorgo e o feijão, que são importantes para o sustento e a dieta dos pequenos agricultures. O segundo erro foi não pensar na questão ambiental como importante variável do desenvolvimento agropecuário.

De onde virá essa nova revolução verde? Difícil dizer, mas Muteia defende o aumento dos investimentos públicos na pesquisa agropecuária. “Faltam incentivos e recursos para a pesquisa, que é um bem público e precisa ser tratada como tal”, critica ele. O retorno não é imediato, mas desses investimentos é que depende o suprimento de alimentos para os nove bilhões de habitantes que o mundo terá em 2050.

Fonte: Souagro

Comentário do Blog: É nítida a necessidade de investimento em pesquisas na agricultura e na pecuária. No Brasil, esses, representam a maior arrecadação por exportações, superando a indústria automobilística, de calçados e de petróleo, como dito anteriormente aqui no blog. É muito dinheiro gerado pela agropecuária para pouco investimento. E quem será mais afetado com isso é o mercado consumidor, que tem crescido, em números, muito mais do que a produção. Além do mais os alimentos de origem animal e vegetal, tem se tornado mais acessível, aumentando ainda mais a necessidade de crescimento do setor. E a saída a médio e longo prazo é investir principalmente no ensino superior, das ciências agrárias. Para que os futuros profissionais possam chegar ao mercado com potencial para reverter essa situação, e principalmente com a capacidade de aliar alta produção com sustentabilidade, para utilizar de forma adequada todo nosso potencial produtivo.
Essa é a solução, se o governo não quiser jogar por água abaixo todos os esforços até hoje feitos, e se não quiser que futuramente haja não só escassez de água mas também de alimento.

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