A
produtividade agrícola mundial está crescendo a um ritmo muito menor do que nas
décadas passadas, e os investimentos em pesquisa e desenvolvimento agrícola
também estão desacelerando.
A partir
dessas constatações, o representante da Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, Hélder Muteia, chega a uma conclusão
polêmica: “Precisamos de uma nova revolução verde”.
Ex-ministro
da agricultura de Moçambique, Muteia defendeu nesta segunda-feira (05) o
aumento dos investimentos em pesquisa agropecuária, principalmente por parte
dos governos, ao participar do Fórum Internacional de Estudos Estratégicos para
Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima (Feed 2011). O evento é
realizado em São Paulo pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA).
Em sua
apresentação, Muteia mostrou que desde a revolução verde, nos anos 1960, o
ritmo de crescimento da produtividade agrícola vem caindo. Isso não quer dizer
que a produtividade tenha sido reduzida, mas que ela está aumentando mais
devagar. Ao mesmo tempo, o representante da FAO mostrou que os investimentos em
pesquisa e desenvolvimento na área agropecuária também estão crescendo mais
lentamente.
A demanda
por alimentos já está em forte crescimento e, em vez de crescer, a produção até
caiu neste ano. Em 2011, segundo as projeções da FAO citadas por Muteia, a
produção de cereais vai cair 1,1%, enquanto o consumo desses produtos crescerá
1,9%.
A
preocupação por trás desses fatos reside nas projeções de aumento da população
e na demanda por alimentos. “Até 2050, teremos que aumentar a produção de
alimentos em 70%, enquanto a área agrícola avançará só 20%”, calcula Muteia.
A solução,
portanto, passa obrigatoriamente pelo aumento da produtividade. “Toda a
revolução verde é tecnológica e o caminho agora é o mesmo dos anos 1960:
sementes de qualidade, água e fertilizantes”, diz ele.
Erros do passado
Mas a nova
revolução deve evitar os dois erros da anterior, alerta o especialista. O
primeiro deles foi deixar de lado culturas agrícolas secundárias, como o sorgo
e o feijão, que são importantes para o sustento e a dieta dos pequenos
agricultures. O segundo erro foi não pensar na questão ambiental como
importante variável do desenvolvimento agropecuário.
De onde virá
essa nova revolução verde? Difícil dizer, mas Muteia defende o aumento dos
investimentos públicos na pesquisa agropecuária. “Faltam incentivos e recursos
para a pesquisa, que é um bem público e precisa ser tratada como tal”, critica
ele. O retorno não é imediato, mas desses investimentos é que depende o
suprimento de alimentos para os nove bilhões de habitantes que o mundo terá em
2050.
Fonte: Souagro
Comentário
do Blog: É nítida a necessidade de investimento em pesquisas na agricultura
e na pecuária. No Brasil, esses, representam a maior arrecadação por
exportações, superando a indústria automobilística, de calçados e de petróleo,
como dito anteriormente aqui no blog. É muito dinheiro gerado pela agropecuária
para pouco investimento. E quem será mais afetado com isso é o mercado
consumidor, que tem crescido, em números, muito mais do que a produção. Além do
mais os alimentos de origem animal e vegetal, tem se tornado mais acessível,
aumentando ainda mais a necessidade de crescimento do setor. E a saída a médio e
longo prazo é investir principalmente no ensino superior, das ciências agrárias.
Para que os futuros profissionais possam chegar ao mercado com potencial para
reverter essa situação, e principalmente com a capacidade de aliar alta produção
com sustentabilidade, para utilizar de forma adequada todo nosso potencial produtivo.
Essa é a solução, se o governo não quiser jogar por água abaixo
todos os esforços até hoje feitos, e se não quiser que futuramente haja não só escassez
de água mas também de alimento.
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