Pesquisa
realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea)
constatou que R$ 837 bilhões foi a renda gerada pelo agronegócio entre 1995 e
2008, valor que não ficou no campo, foi transferido para a sociedade.
Foram vários
planos econômicos, muitas mudanças de moeda até o anúncio do real em 1994. E
foi exatamente a estabilidade da economia o ponto de partida do estudo
realizado pelo Cepea. Vinte produtos do segmento primário foram pesquisados
entre 1995 e 2008. Entre eles, soja, milho, arroz e uva. A pecuária também fez
parte do levantamento, com carnes bovina, suína e de frango. O resultado mostrou
que os alimentos ficaram mais baratos e mais acessíveis.
– Nós
reunimos informações de preços e quantidade de uma série de produtos e
segmentos e, a partir daí, montamos as matrizes e comparamos a relação entre
renda apropriada e renda gerada pelo agronegócio. A partir destas diferenças,
do que foi gerado e o que não foi apropriado, foi transferido para o resto da
sociedade – declarou Adriana Ferreira Silva, pesquisadora do Cepea.
O produtor
Edemur Pedroso, dono de um frigorífico que abate cerca de trinta cabeças de
gado por dia, concorda com a pesquisa. Os alimentos ficaram mais baratos, mas
segundo ele, alguém pagou a conta.
– O produtor
pagou a conta, o que aconteceu foi que se produziu mais por um preço menor. Foi
razoável para o campo, porque ruim não foi – disse Pedroso.
Mesmo com a
transferência de renda, a pesquisa mostrou um aumento de produtividade no
período.
– O produtor
rural, em geral, teve um aumento muito grande de produtividade. A gente tem,
anualmente, volume de produção batendo recorde. Paralelamente, a gente tem
redução de preço. Ao passo que eu aumento minha produção, no caso do produtor
rural, eu ainda oferto preços reais menores – falou Adriana Ferreira da Silva.
Segundo
Edemur Pedroso, são poucos que ganham com a gangorra de preços.
– Tudo bem
que o caminho é a produtividade, mas que tivesse um equilíbrio no preço, tem
hora que cai lá embaixo, tem hora que vai lá em cima, então são poucos que
ganham com esta gangorra – frisou Pedroso.
O analista
de mercado, Cesar de Castro Alves, concorda com o resultado da pesquisa e diz
que a queda de preço é uma tendência histórica. Segundo ele, o produtor que se
antecipa e adota logo a tecnologia consegue produzir mais com um custo menor.
Já os que adotam a tecnologia por último trabalham com uma margem de lucro
menor.
– Quando
eles caem de preço, na verdade, você está transferindo para o consumidor final
esta adoção de tecnologia. Isto é, um processo muito elegante, muito bacana e
ao mesmo tempo um pouco canibalístico, porque os produtores que não se
enquadrarem neste jogo de adoção de tecnologia, fatalmente serão excluídos da
atividade, porque os preços tendem a cair e seus custos permanecerem elevados –
explicou o analista.
Fonte: Canal Rural.
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