"Alta do dólar, aftosa no Paraguai e embargo russo aumentam volatilidade no mercado de carnes."
O
mercado de bois e de carnes está entrando em um cenário nebuloso. Um foco de
febre aftosa no Paraguai, o embargo russo aos frigoríficos brasileiros e a
guinada do dólar criaram um cenário de imprevisibilidade.
O
foco de aftosa no Paraguai gerou preocupação com uma eventual contaminação do
rebanho brasileiro, mas também abre espaço para que o Brasil ocupe o espaço do
vizinho no comércio mundial de carnes. “A aftosa no Paraguai pode ser uma faca
de dois gumes”, diz o consultor Maurício Palma Nogueira, da Bigma Consultoria.
Segundo
ele, o Paraguai exporta de 250 mil a 300 mil toneladas de carne bovina por ano
– o equivalente a cerca de 20% do volume exportado pelo Brasil. Países livres
de aftosa proíbem a entrada de carne de países ou regiões afetadas pela doença,
o que pode gerar demanda pela carne brasileira.
Ao
mesmo tempo, os compradores internacionais podem usar o foco de aftosa do
Paraguai como instrumento para reduzir o preço pago pelo produto brasileiro,
alerta Nogueira. O foco foi identificado a cerca de 150 quilômetros do Mato
Grosso do Sul.
Além
disso, o caso paraguaio pode pesar contra o Brasil nas negociações com a
Rússia, que desde junho mantém um embargo à grande maioria dos frigoríficos
brasileiros. Os russos alegam questões sanitárias para barrar o produto
brasileiro. “O embargo foi anunciado com uma data pré-fixada, o que indica
motivos comerciais e não riscos reais para a decisão”, opina o consultor.
Além
das incertezas com relação ao embargo russo e à aftosa no Paraguai, a recente
disparada do dólar tornou praticamente impossível fazer previsões mais precisas
sobre o desempenho das exportações brasileiras. Até setembro, a Bigma previa
que o volume de carne bovina exportada pelo Brasil cairia 15% a 17% em relação
a 2010. Com o dólar em alta, o produto brasileiro fica mais competitivo e
Nogueira já acredita que as exportações cairão menos que isso.
Por
outro lado, os preços internacionais da carne subiram, mais do que compensando
a redução de volume exportado.
Pressão inflacionária
A
preocupação de Nogueira é que tanto os pecuaristas quanto os frigoríficos estão
com margens apertadas, o que pode levar a uma redução da produção e,
consequentemente, a uma pressão inflacionária. “A pecuária sofre com a seca e
os custos de confinamento estão pelo menos 45% maiores do que no ano passado,
por isso acredito que haverá uma alta dos preços da carne”, prevê.
Fonte:
SouAgro
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