O colostro é a secreção que se acumula na glândula
mamária nas últimas semanas de prenhez. De cor branco-amarelada, rico em
proteínas, imunoglobulinas ou anticorpos, minerais e vitaminas, possui efeitos
nutritivo, antitóxico e laxativo. Apresenta gordura que é bem absorvida pelas
crias, sendo importante fonte de energia atuando na regulação da temperatura
corporal e na adaptação às condições ambientais.
Depois de terem sido formados em um ambiente estéril como o útero, caprinos
e ovinos recém-nascidos deparam-se com fatores adversos do ambiente e
microrganismos causadores de doenças. Desta forma, além dos cuidados com o
manejo sanitário, como o corte e a cura do umbigo, bem como a proteção das
crias em local seco e higiênico, os recém-nascidos necessitam ingerir o
colostro logo após o nascimento para o seu desenvolvimento saudável.
Ao nascimento, caprinos e ovinos não têm anticorpos circulantes no
sangue, consequentemente, a aquisição da imunidade depende da disponibilidade
do colostro, da quantidade de anticorpos presentes e da absorção intestinal. A
ingestão do produto proporciona uma proteção imunológica passiva por
transferência de anticorpos e vitaminas da mãe à cria nas primeiras semanas de
vida, com o objetivo de favorecer uma defesa adequada contra as enfermidades.
O amadurecimento dos órgãos da cria, responsáveis pela produção das células de
defesa do organismo e anticorpos, leva pelo menos quatro meses para ocorrer.
Este é o tempo em que os animais permanecem em contato com microrganismos do
ambiente.
Uma pesquisa realizada em propriedades que adotavam sistema de criação
intensiva, que apresentava perdas de crias de caprinos e ovinos, revelou
aumento na taxa de mortalidade entre os animais que não mamaram o colostro.
Animais que não têm acesso ao colostro vêm a óbito dentro de poucos dias após o
nascimento por razões de infecções, energia não disponível adequadamente e
falta de termorregulação, levando à diminuição da temperatura corporal (hipotermia).
Há uma correlação negativa entre a quantidade de imunoglobulinas (colostro
ingerido) e a mortalidade em neonatos, e uma correlação positiva entre o
conteúdo de imunoglobulinas no sangue de cabritos com 48 horas de vida e seus
ganhos de peso ao desmame.
De maneira geral, é necessário que o recém-nascido faça ingestão do
colostro para obter proteção contra enfermidades, atuando na melhoria do ganho
de peso e no desenvolvimento do metabolismo. Cordeiros privados de colostro são
neutropênicos, ou seja, apresentam baixo número de células neutrófilas no
sangue. Os poucos neutrófilos existentes no organismo são, em termos relativos,
ineficientes para realizar o processo de destruição dos microrganismos
denominados fagocitose. Com a ingestão contínua dos anticorpos e sua absorção
protege-se contra as enfermidades em geral, especialmente as entéricas. Deve-se,
entretanto, também levar em consideração outras medidas específicas, como a
limpeza e higiene das instalações e o manejo adequado das crias.
Há três grandes causas pelas quais a transferência adequada de colostro
pode fracassar. Primeiro, o produto pode ser insuficiente ou de má qualidade.
Segundo, pode haver colostro em quantidade suficiente, mas a ingestão pelo recém-nascido
é inadequada. Por fim, a terceira razão de fracasso é a falta de absorção pelo
intestino, apesar da ingestão ser adequada e o colostro ser um alimento de boa
qualidade.
As principais causas observadas na mortalidade em cordeiros, desde o
primeiro dia até o sexto mês de vida, são: infecções respiratórias; desordens
digestivas, como diarréia; inflamação de umbigo e da articulação e diminuição
da temperatura corporal. Assegurar a ingestão do colostro e sua absorção pela
cria é fundamental para a diminuição da mortalidade em um sistema de produção
de caprinos e ovinos.
Atualmente, a única contra-indicação para o consumo de colostro natural,
e que também está relacionado com o consumo de leite, diz respeito à
transmissão de doenças infectocontagiosas às crias. Entre elas, podem ser
citadas a Artrite-Encefalite Caprina a Vírus, a Micoplasmose, a Clamidiose, a
Toxoplasmose, entre outras.
Considerar a importância da administração do
colostro para as crias de caprinos e ovinos, nas primeiras horas de vida,
torna-se essencial para a sobrevivência dos recém-nascidos. Esta fonte de
alimento é de suma importância na prevenção contra os fatores adversos do
ambiente, assim como, contra os microrganismos nele existentes.
Comentário
do Blog:
Mesmo com a importância comprovada das
propriedades do colostro ainda há resistência de alguns criadores, talvez por falta
de conhecimento ou até mesmo por questões culturais, isso principalmente na
pecuária leiteira. O colostro é indispensável para os animais recém-nascido e até
para o seu desenvolvimento, pois representa o primeiro contato natural com
anticorpos, imunoglobulinas e proteínas, o que proporciona resistência aos
mesmos. Isso serve não somente para caprinos e ovinos, que foram os alvos
principais da matéria, mas para todas as culturas.
Fonte: Revista O Berro.
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