5 de julho de 2011

Os Cascos e o Bem-estar do Animal.


O formato do casco dos animais depende da taxa de crescimento,do índice de desgaste e da distribuição do peso sobre todas as unhas evitando doenças e defeitos de aprumos.
Qual é a importância do casqueamento para o bem-estar do animal?

Em pequenos ruminantes a maioria dos casos de claudicação está associada com patologias de casco. Pesquisas mostram que a prevalência de afecções podais varia de 10 a 19% e o crescimento exagerado é uma das principais causas (Chakrabarti, 1997). Os ovinos e capri­nos necessitam de casqueamento em razão de:
- falta de exercício adequado em superfícies duras e secas para desgastar o casco naturalmente,
- da laminite crônica ou do crescimento rápido do casco, decorrente de práticas de alimentação intensiva destinadas ao aumento da produção (Reilly et al., 2004).
Estudos mais recentes têm demonstrado que o casqueamento não pode ser considerado uma prática preventiva de afecções podais, visto que ao se aparar os cascos dos animais estaria abrindo uma fonte de infecção (Wassink et al., 2010; Winter et al., 2008).
Dentre as afecções que acometem o casco podem-se citar: podridão, laminite, fibrose interdigital e dermatites. Estas patologias afetam diretamente o bem estar animal e produzem prejuí­zos econômicos importantes devido a:
u menor locomoção,
u infertilidade temporária dos reprodutores, pois - com problemas nos cascos - não conseguem seguir e montar matrizes que apresentarem cio,
u perda de peso e condição corporal (matrizes magras não se reproduzem),
u menor produção leiteira,
u alto índice de mortalidade até a desmama,
u peso de desmama muito baixo ou idade à desmama muito elevada,
u desvalorização do animal,
u eliminação prematura do rebanho (Turino, 2006).
Ao testar as perdas econômicas, observou-se que ovelhas com maiores níveis de claudicação foram mais propensas a ter um escore de condição corporal menor que 2,5 (Wassink et al., 2010).
Enfim, problema de aprumos decorrente de deformação do casco leva à dificuldade de locomoção, além de se tornar um fator estressante capaz de comprometer o bem-estar do animal e, consequentemente, também limitar a produtividade.
Em muitos rebanhos caprinos o manejo de casco é tratado como atividade secundária, mesmo com a existência de afecções podais no rebanho (Pinheiro et al., 2000) e o casqueamento é uma atividade apenas para reduzir estresse decorrente de desequilíbrio podal nos animais (Melo et al., 2006). 

Medindo os cascos

Foi realizada a medição no rebanho Anglo-Nubiano da Universidade Federal do Piauí, localizada em Teresina, mantido em sistema semi-intensivo. Quanto às condições de criação no rebanho, as pastagens são em solo fraco arenoso, de topografia plana, sem pedras e/ou cascalho, não havendo acúmulo de umidade no solo durante o período chuvoso. Os animais foram manejados coletivamente, sem adoção diferenciada de medidas de natureza alimentar, reprodutiva ou sanitária e consistiu da ida ao pasto durante o dia e recolhidos ao aprisco para o pernoite. O aprisco tem piso ripado com distanciamento 1,5 cm e é limpo diariamente para remoção de fezes.
Antes, o manejo de casco era tratado como atividade sanitária secundária, dada a inexistência de pododermatite no rebanho. O casqueamento era feito apenas nos animais que apresentavam crescimento de casco mais acentuado.
A avaliação do nível de crescimento dos cascos dos animais foi realizada com intervalo de 60 dias entre as avaliações, mensurando-se as fêmeas vazias do rebanho. Após a primeira avaliação, os animais foram casqueados, utilizando-se faca como ferramenta de remoção do excesso de queratina, iniciando o corte na parte anterior, removendo o excesso de tecido queratinizado ao redor do casco sem que houvesse penetração ou perfuração de sola, evitando sangramentos que seriam fontes de infecção.
A mensuração do grau de crescimento e da normalidade do formato dos cascos recebeu notas de 1 a 3 para cada casco individualmente, sendo que o valor 1 correspondeu ao casco com aparência normal e sola plana, enquanto o valor 3 representou casco com crescimento excessivo, capaz de interferir no aprumo, sendo atribuídos valores com decimais entre esses extremos. Em cada avaliação registrou-se também o peso e escore da condição corporal do animal, admitindo-se que a cabra de 5 anos já era "velha", para esse estudo.
A Tabela mostra as médias das notas atribuídas aos cascos dos animais, médias do peso e escore corporal, nas três avaliações realizadas. A primeira avaliação teve valor próximo a 2 pontos que estaria indicando necessidade de realização de casqueamento (a nota 1 corresponde ao animal com o casco normal).
Após o casqueamento, ­constatou-se crescimento significativo dos cascos, pois na terceira avaliação a nota foi acima de 2 pontos, superando a situação antes da realização do casqueamento.
Ficou evidenciado também que havia variabilidade entre as cabras, quanto à velocidade de crescimento dos cascos. Isso quer dizer que seria interessante começar a registrar animais com sinais de desconforto por desequilíbrio podal, para dar mais bem-estar ao animal e também obter economia de custos.
Embora não houvesse registro de pododermatite, observava-se que as cabras com cascos mais deformados mostravam indícios de estresse, com leve tendência de incômodo ao se movimentar, permanecendo mais tempo deitadas, além de se manterem aparentemente mais magras. A constatação de variação entre os animais quanto à velocidade de crescimento dos cascos levou à conclusão de que o desequilíbrio podal era a principal causa desse estresse.
A idade da cabra influenciou o crescimento dos cascos dianteiros: as mais velhas apresentaram maior valor em cada avaliação, tanto antes como após o casqueamento. Já nos cascos traseiros, embora não significativo, observou-se que, após o casqueamento, os animais mais novos tenderam a apresentar ­maior valor. Esse comportamento pode ter sido favorecido pelo fato de os animais mais novos apresentarem menor peso corporal, embora com maior escore da condição corporal, que implicaria aceitar que o desgaste seria favorecido pelo maior peso.
Carvalho et al. (2006) constataram, em vacas leiteiras, que a redistribuição de pressão sobre as patas foram responsáveis por 5 a 6% da mudanças de conformação dos cascos: vacas não-casqueadas estressaram mais a porção da sola lateral, comparado a vacas casquea­das nas patas da frente. Já nas patas traseiras estressaram mais a região do calcanhar, enquanto as vacas casqueadas tendem a ter uma distribuição melhor de pressão entre as regiões.
De acordo com o autor, o casqueamento pode causar um alívio redistri­buindo essa pressão na parte anterior da sola. Hernandez et al. (2007) observaram uma diminuição de 25% no número de novos casos de manqueira em vacas submetidas a exames de saúde preventiva e ao casqueamento, sendo considerados relevantes para o bem-estar dos animais.
O impacto do intervalo prolongado de não-casqueamento sobre a produção pode ser observado no escore da condição corporal com uma diminuição significativa de 2,6 para 2,3.
A redução da severidade e duração da claudicação foi associada a um ­maior escore de condição corporal (ECC) e maior produção de cordeiro por Wassink et al. (2010). Isto porque a condição corporal baixa afeta a fertilidade e a fecundidade. A baixa condição corporal em pequenos ruminantes também leva à alta mortalidade de cordeiros, provavelmente por causa de baixo peso ao nascer e produção insuficiente de colostro e leite, segundo vários autores.

Conclusões

O crescimento dos cascos mostra-se independente da idade dos animais.
Avaliação sistemática a cada seis meses, mesmo na ausência de pododermatite no rebanho é recomendada.
Também o casqueamento é recomendado nos animais que demonstrarem estresse causado pelo desconforto da deformação do casco, como forma de melhorar o bem-estar animal e diminuir perdas econômicas.


Fonte: Revista O Berro.

Endometrite Pós-Cobertura.


As endometrites são processos inflamatórios agudos, crônicos ou degenerativos do endométrio, podendo estes estar ou não associados a agentes infecciosos. Estas endometrites podem ser divididas em: a) causadas por doenças sexualmente transmissíveis; b) persistentes induzidas pela cobertura; c) crônicas; e d) crônica degenerativa. 
O diagnóstico clínico pode ser feito por exame externo, com a presença de secreção muco purulenta.
 A palpação retal pode auxiliar, mostrando o quadro uterino, que deverá apresentar-se sem tônus e com volume maior. O exame ultra-sonográfico mostra principalmente o acúmulo de líquido no interior do útero, sendo de grande ajuda no dignóstico. A avaliação cervical através do vaginoscópio pode mostrar um colo uterino aberto e relaxado, com forte hiperemia; podendo ter também acúmulo de líquido no fundo de saco vaginal. 
O diagnóstico definitivo é através de swab e biópsia uterina. 
Existem alguns fatores predisponentes que podem ajudar na ocorrência desta patologia, como por exemplo: idade, conformação perineal, condição corporal e utilização do cio do potro. Podem também ocorrer falhas nas barreiras físicas de defesa uterina (lábios vulvares, prega vestíbulo-vaginal e cérvix ); falhas nos mecanismos imunológicos ( S.I. humoral e celular ) e também podem ocorrer problemas na contratilidade miometrial sendo esta baixa ou nenhuma. A ocorrência destes fatores, associados ou não, podem desencadear uma endometrite. 
O sêmen tem grande influência neste processo, pois no momento da cobertura, este carrega com si varias bactérias e debrís celulares, causando assim uma reação inflamatória fisiológica. As éguas podem ser classificadas quanto ao seu tempo de resposta á este processo inflamatório em resistentes, se eliminarem a inflamação em até 72 h, ou susceptíveis, se a inflamação uterina persistir. 
O principal agente etiológico, ou seja, encontrado em mais de 50% dos casos é o Streptococcus zooepidermicus, podendo também ser encontrados E.coli, Peseudomonas aeruginosa e Klebsiela peneumonie. 
O tratamento pode ser realizado de 1h até 4 dias após a cobertura, sendo realizado através de lavagens uterinas com solução fisiológica, infusão de antibiótico (ampicilina/penicilina), utilização de ocitocina (ajudar na contratilidade uterina) e também pode-se utilizar plasma com leucócitos, associado à terapia com antibiótico. 
A prevenção desta patologia pode ser realizada através de um bom manejo na hora da cobertura, realizando minuciosa limpeza da genitália externa da égua e do garanhão. Outro método utilizado é a redução do número de coberturas.  
O uso de diluentes de sêmen contendo antibióticos também ajuda a diminuir a contaminação uterina. Em éguas que possuem má conformação vulvar, é indicado o fechamento parcial da mesma, impedindo assim, a entrada de ar e outras sujidades. Através da realização destes procedimentos podem-se reduzir em grande quantidade possíveis contaminações, inflamações e consequentes endometrites.

Fonte: Ouro Fino   Autora:  Tamarini Arlas

4 de julho de 2011

Volume de mel exportado pelo Brasil cresce mais de 80% em maio.


Em maio, as exportações brasileiras de mel atingiram US$ 8,1 milhões e um volume de 2,58 mil toneladas, aumento de 98,26% em valor e 80,67% em peso na comparação com o mesmo período de 2010, segundo levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O preço médio pago pelo mel embarcado em maio foi de US$ 3,16, queda de 0,63% em relação ao mês anterior. Ainda em referência a abril, houve aumento de 0,17% no valor e 0,83% no volume exportado.

O diretor-geral da Central das Cooperativas Apícolas do Semiárido (Casa Apis), localizada em Picos (PI), Antônio Leopoldo, afirma em 2011 o Brasil terá uma safra recorde de 6 mil toneladas de mel. “Esse cenário positivo é a somatória do clima favorável, com boa distribuição das chuvas, e da demanda forte do mercado mundial”, explica. Ele salienta que hoje há redução na produção de mel no mundo, devido ao desmatamento. Este fator, junto ao crescimento da demanda no Brasil e no exterior, segundo Leopoldo, contribui para os números alcançados.

“Na maior parte do mundo não há área nativa para produção, o que para o Brasil significa um ponto positivo. Ainda temos muitas áreas disponíveis para crescer na produção de mel”, acredita. Ele lembra que a China é o maior produtor mundial do produto, mas que se trata de "artigo de baixa qualidade”.
Maiores compradores e vendedores

Os Estados Unidos foram o principal destino do mel brasileiro, com um total de US$ 5,7 milhões, respondendo por 70,3% da receita das exportações, ao preço de US$ 3,12 o quilo. A Alemanha ficou como o segundo mercado, com receita de US$ 1,5 milhão, o equivalente a 18,4%, pagando US$ 3,22 o quilo. O Reino Unido absorveu US$ 387,7 mil dessas vendas, oferecendo US$ 3,20 pelo quilo. Outros países importadores de mel do Brasil foram França, Bélgica, Canadá, Espanha, França, Japão, China, Argentina, Hong Kong, Peru e Paraguai.

Na produção interna, São Paulo respondeu por 31,4% das vendas externas, com US$ 2,5 milhões. O Rio Grande do Sul veio em segundo lugar, com uma exportação de pouco mais de US$ 2,2 milhões, seguido por Piauí (US$ 1,3 milhão), Rio Grande do Norte (US$ 632.754), Ceará (US$ 612.704), Paraná (US$ 234.116), Minas Gerais (US$ 166 mil) e Santa Catarina (US$ 101 mil). 

Fonte: Globo Rural Online.