A síndrome da necrose de orelha (SNO) em suínos é
caracterizada por uma lesão necrótica na ponta e/ou ao longo da borda inferior
da orelha, frequentemente bilateral, e às vezes com perda de parte do tecido
auricular (CAMERON, 2006). Essa doença é vista geralmente nos animais jovens na
frase de criação.
Em muitos casos há uma cura espontânea, porém quando essa
cura não ocorre e a lesão progride, pode ocorrer uma perda parcial do pavilhão
auricular. Nesses episódios é comum a presença de abcessos em linfonodos
parotídeos, determinado prejuízos no crescimento e no abate, já que os abcessos
podem condenar a carcaça.
Uma série de fatores podem estar relacionados ao
aparecimento da SNO. As lesões de pele provenientes de brigas e a
imunossupressão são considerados os mais importantes. De acordo com estudos a
campo e dados epidemiológicos, as causas de SNO podem estar associadas a:
infecção por Staphylococcus hycius e/ou Streptococcus beta hemolíticos, eperitrozoonose,
bactérias espiroquetas, intoxicação por ergot e circovirose.
O fato é que alguns rebanhos suínos são afetados por surtos
com alta prevalência da SNO. Ao estudar as causas, muitos autores chegam à
conclusão que a interação dos fatores predisponentes é a hipótese mais provável
para explicar o aparecimento das lesões. Pensando assim, a maneira mais eficaz
de prevenir novos surtos seria evitar esses fatores predisponentes. Segundo recente artigo publicado no VI SINSUI - Simpósio
Internacional de Suinocultura, escrito pelo Dr. Nelson Morés, um renomado
pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, a circovirose está relacionada com o
aparecimento da necrose de orelha em suínos.
Morés cita um trabalho de Zlotowski et al.(2008) que mostra
que as lesões geralmente bilaterais e avermelhadas, são decorrentes de uma
vasculite generalizada causada por uma reação de hipersensibilidade
imuno-mediada que começa na extremidade da orelha e estende-se ventralmente.
Estas lesões tendem a ocorrer com sinais clínicos de lesões sistêmicas da
Síndrome Multissistêmica do Definhamento dos suínos (SMDS) associadas à
Circovirose.
Nesse mesmo artigo, Nelson Morés citou o trabalho de Pejsak
et al. (2010), realizado em uma granja ciclo completo, com 1800 matrizes e uma
taxa de ocorrência da SMDS de cerca de 10% no setor de creche. Os sinais da
necrose de orelha iniciavam-se cerca de três semanas após o desmame e afetavam
aproximadamente 15% dos leitões. Nesse rebanho foi realizado um estudo com o
uso de uma vacina indicada para porcas, envolvendo 12.931 leitões, em 45 lotes,
num esquema de porcas vacinadas e não vacinadas.
Os sinais da necrose de orelha foram duas vezes menores nos
leitões filhos de porcas vacinadas em comparação com aqueles filhos de porcas
não vacinadas. Houve também diferença na intensidade das lesões, que foram três
vezes menores nos filhos de porcas vacinadas.
A eficiência do controle, tomando como base uma redução
mínima de 50% da lesão em leitões provenientes de mães vacinadas , representa
que numa granja de 1000 matrizes, ao menos 1800 leitões se desenvolveriam sem
esse transtorno específico, ou sejam, animais com maior higidez de pele e menos
afeito a infecções cutâneas secundárias, canibalismo, peso reduzido etc.
Uma explicação para esta proteção para a SNO conferida pela
vacina contra o vírus da Circovirose vem do colostro das mães vacinadas. A
imunidade conferida pela vacina passa para a leitegada através do colostro.
Segundo outro trabalho citado no artigo, o colostro de porcas imunizadas contra
PCV2 contém linfócitos B e T, e células capazes de produzir interferon, uma
proteína fundamental para a eficácia do sistema imune contra o vírus nos
filhotes.
Esses leucócitos têm a capacidade de atravessar a barreira
intestinal dos leitões, formando proteção ativa contra circovirose e auxiliando
na capacitação do sistema imune como um todo, o que se reflete na maneira como
o animal lida também com outras doenças. Já foi observado inclusive, o efeito
profilático em outras doenças multifatoriais causadas por patógenos
oportunistas ou associadas à imunodeficiência (OPRIESSNIG, et al., 2008).
Como prevenir
Para reduzir a prevalência da necrose de orelha em
granjas, é necessária a observação de medidas de controle como: evitar a
superlotação para diminuir as brigas entre os leitões, implementar um programa
intensivo de limpeza e desinfecção da maternidade, creche e crescimento e
adotar esquemas de vacinação a fim de evitar a ocorrência de doenças que
enfraqueçam o sistema imunológico dos animais.
E como vimos no artigo, evitar principalmente a circovirose,
através da vacinação, procedimento que, na avaliação citada, mostrou eficácia
ao reduzir a prevalência da necrose de orelha em leitões.
Circovac é uma vacina que quando aplicada dentro de
protocolos científicos confere uma redução em mortalidade total na ordem de no
mínimo 50%. Evidentemente, essa taxa de melhora é esperada sobre outras
condições como refugagem, mal desenvolvimento, etc. Essa melhora é constatada
também através da vacinação dos leitões.
Fonte: Merial Saúde Animal com adaptação do Agroblog RN.
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