7 de outubro de 2011

Carne Brasileira a Toda Prova.

Nos últimos meses, a indústria de carne brasileira tem vivido um drama com sua principal compradora, a Rússia. Há mais de 100 dias, o país anunciou um embargo à carne brasileira, o que afetou 85 frigoríficos do Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, até então autorizados a exportar o produto.

A alegação russa é a de que o Brasil não se adequou às exigências sanitárias e legais para continuar enviando produtos de origem animal ao país.

“Não vemos motivos objetivos para esse embargo. O Brasil tem algumas das melhores e mais modernas plantas de frigoríficos do mundo, segue todas as normas de controle”, afirma João Gilberto Bento, superintendente de marketing e comercial da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).

Desde então, uma missão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) já esteve no país, na tentativa de negociar a revogação do embargo, sem sucesso. No último dia 29 de setembro, o Mapa enviou laudos de 15 plantas frigoríficas, inspecionadas pelos fiscais do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa)  para o Serviço Federal de Fiscalização Sanitária da Rússia.

Nas próximas semanas, está prevista uma visita de especialistas russos ao Brasil, provavelmente para reavaliar o embargo. “As indústrias do setor estão prontas para serem auditadas, com todas as exigências”, diz Antônio Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

Exportações

Segundo dados divulgados, nesta semana, pela Abiec, as exportações de carne bovina deverão recuar em 15% neste ano, em comparação a 2010. Boa parte dessa redução se deve ao embargo russo e também por conta de crises políticas nos países árabes, somada à redução no número de abates. Estatísticas da Abiec mostram que, em setembro do ano passado, foram enviadas 24,1 mil toneladas de carne in natura e processada ao país. No mesmo período deste ano, esse volume caiu para 20,2 mil toneladas.

Volume x Receita

Mas segundo Camardelli, essa queda será compensada pelo aumento do preço médio das carnes brasileiras, que tiveram um acréscimo de aproximadamente 20% no valor. De janeiro a setembro, as exportações de carne bovina somaram US$ 3,5 bilhões, o que representou uma alta de 3,8%. No mesmo período, o volume embarcado registrou queda de 21%, enquanto os preços subiram 30,6%.

Um dos fatores principais para isso está na valorização do dólar nas últimas semanas, o que segundo ele, dará mais competitividade para o setor. “Acreditamos que esses ganhos serão percebidos pela indústria entre 30 e 45 dias”, avalia o presidente da entidade.

Ministro

Em entrevista a jornalistas, no início da semana (segunda-feira, 04), durante visita à Sociedade Rural Brasileira, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, afirmou que o Brasil já recuperou em outros mercados o que a Rússia deixou de comprar.

Para ele, só depende dos russos a volta da comercialização da carne brasileira. “Já nos foram pedidos outros procedimentos e estamos mantendo toda a atenção para isso. O Brasil cumpriu tudo o que tinha que fazer”, disse.

Embora o foco de febre aftosa no Paraguai preocupe, o setor observa que o problema no país vizinho poder render aumento nas vendas de carnes brasileiras. No entanto, Camardelli ressalva: “Esse tipo de notícia é sempre negativo para o setor. Ninguém sai ganhando”.

Para Bento, da ABCZ, o Paraguai agiu rapidamente de forma a evitar que o vírus se espalhasse. “Eles agiram de forma madura e eficaz”. Segundo ele, acontecimentos como este mostram a necessidade e importância dos países da América do Sul se reunirem e combaterem juntos esses problemas. “Todos nós já avançamos muito em termos de manejo, sanidade e prevenção, mas ainda temos um longo caminho a percorrer.”

 Fonte: SouAgro.

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