Considerando
a média nacional, neste ano o produtor está recebendo 14% a mais pelo litro de
leite em relação a 2010. A questão é que os custos de produção subiram 44% no
mesmo período. Milho, farelos em geral, suplementos minerais, fertilizantes
(pensando na adubação de pastagens), todos esses insumos estão custando mais
que no ano passado. Destaque para o milho, cuja alta é de 43%. Isso significa
um estreitamento da margem do produtor. Daí a necessidade de acompanhamento de
mercado e gestão da propriedade.
Aliás, no
caso da pecuária de leite, pela pequena margem que a atividade confere, a
pressão de outras atividades é grande. São Paulo é um exemplo disso. No estado,
a cana, a seringueira, o eucalipto, entre outras culturas, têm se mostrado mais
rentáveis que o leite e, com isso, muitos produtores optam por essas outras
atividades.
É preciso
cada vez mais investir em ganhos de produtividade, já que, comparativamente aos
custos de produção e à inflação, a valorização do preço do leite tem sido
menor. Teoricamente, o produto estaria perdendo valor de mercado. Fazendo uma
conta rápida, para o produtor de leite manter a mesma receita das décadas de
1970-80, é preciso produzir 150% mais leite na mesma área. E isso só é possível
mediante o uso de tecnologia: nutrição, sanidade e genética.
É nesse
contexto que programas como o Balde Cheio têm grande importância para a
pecuária. A ideia é levar a assistência técnica ao pequeno produtor. São
mudanças simples no manejo do gado e na propriedade, mas que têm reflexo
imediato na produção. Outro ponto importante é que a cadeia do leite vem se
organizando. Os processos de fusões e aquisições colaboraram para a
profissionalização do setor, que, em termos de organização, ainda está mais
atrasado que a cadeia da carne. Até por ser mais pulverizado, nesse primeiro
momento não podemos falar de concentração do setor. A Nestlé, maior empresa de
laticínios do país, tem entre 8% e 10% do mercado. Na Nova Zelândia, a Fonterra
tem 90%.
Por fim, a demanda crescente por lácteos no Brasil
é um ponto forte, pensando do lado do crescimento da produção nacional e dos
preços aos produtores. O incremento da renda do brasileiro tem levado a um
consumo maior de lácteos de maior valor agregado, como os queijos, iogurtes e
leites fermentados.
Comentário do Blog: Com essa frase da matéria restrinjo meu comentário: “E isso só é possível mediante o uso de tecnologia: nutrição, sanidade e genética.”
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